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domingo, 12 de junho de 2011

Não é mais sólido - um texto para o dia dos namorados


Fui uma criança-princesa. Minha infância foi cercada de magia e contos de fadas e se tem coisas que não são recentes na minha vida são a vontade de criar e as narrações sem fim (ou começo) que se formam na minha cabeça. Brincar de boneca era um sentimentalismo regido por leis: conhecer o Ken, flertar, sair pra jantar, namorar, noivar, casar e ter mil filhinhos. Belíssima essa minha família Lima-Hilbert. Então cresci um pouco.

Com 11, 12 anos eu entrei naquela fase insuportável, seriamente digna do meu desprezo, porém inevitável, que se estende até os 15* e é chamada pré-adolescência. Ali as regras e linhas de tempo se mantinham muito sólidas. As páginas do meu diário podiam descrever claramente o dia que eu comecei a gostar de um garotinho e o dia em que dei um fora imaginário no mesmo. Era como se eu me tornasse a barbie e pusesse pessoas para participar da brincadeira. Tudo era muito claro: a amiga que compartilhava do mesmo objeto da minha paixão era despedida, eu jamais gostava de dois meninos ao mesmo tempo e meus sentimentos eram tão racionais que sequer pareciam sentimentos- mas já doíam. Era como se cada um tivesse o seu par e eu pudesse ligá-los armada de lápis e papel, mesmo que, por certas vezes, alguns não quisessem se ligar a seus pares.

Aos 15 anos tudo mudou. Minhas experiências amorosas começaram a tomar forma e solidificar, enquanto minhas certezas ebuliam e se misturavam ao oxigênio que eu respirava e pareciam, na verdade, estar desoxigenando meu cérebro, já que de repente nada mais era o que parecia. Sim, era de tirar o fôlego como esse período anterior, composto de múltiplas orações. O ponto é que logo de cara, tive a impressão de que sim, as linhas de tempo, amigas dispensadas e coração monógamo fariam parte da minha vida mas em poucos meses tudo mudou para sempre e nunca mais vai ser como eu já fantasiei.

O 'gostar' da minha pré-adolescência virou um 'estar a fim'. Descobri esse tal de 'ficar', que nada mais é do que nós mulheres nos iludindo de que estamos fazendo um test drive para um futuro relacionamento, enquanto a maioria dos homens está apenas se servindo num rodízio de pizza. Conheci muitas bocas, abraços e amassos. Parti corações, deixei o meu ser partido e me apaixonei muito. E depois de muitas experiências percebi que ainda dá tempo de recuperar o romantismo, a fantasia com decência e vejo esse momento como uma época de reinvenção. Como solteira, estou dando um basta nas lamentações que rondam esses dia dos namorados. Se as fantasias (aka ilusões) ebuliram e viraram dúvidas, respire-as fundo e reflita sobre o que você vai querer quando elas condesarem e voltarem em outro estado: tomar essa chuva ou se refugiar num lugar seguro por medo do que pode acontecer se você se molhar? Sem querer ser influenciável, mas eu já sei que não vou me importar nadinha com essa gripe!

Feliz dia dos namorados a todos. Afinal todo mundo já teve , tem um ou a esperança de que um dia terão com quem compartilhar sua vida.

Obs. Esse texto foi uma ideia desenvolvida a partir de um comentário que fiz num texto do Eduardo Fernandes no blog dele, confiram.

*existem várias teorias, pesos e medidas sobre a idade com a qual se inicia a adolescência e termina a pré. Devido a experiencias próprias, eu apoio qualquer corrente que diga que adolescência MESMO é o que vem depois dos 15 anos.